quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

ANÁLISE FINANCEIRA



ANÁLISE DO BALANÇO COM A UTILIZAÇÃO DE QUOCIENTES



O estudo técnico de análise de balanço constitui-se na realidade em um intrincado processo de fundamental importância. A análise de balanço é de fato um poderoso instrumento de pesquisa que permite aquilatar a saúde econômico-financeira da empresa, no passado e no presente, e enseja a projeção desse resultado para o futuro; possibilita o conhecimento objetivo dos efeitos da administração realizada pelos gerentes e permite mensurar o volume dos recursos livres ou patrimônio líquido.
Com efeito, os conceitos extraídos da análise do balanço são eminentemente temporais, pois estão inevitavelmente vinculados ao resultado do empreendimento em dado período. Impõe-se, então, a aplicação do instrumental de análise em diferentes exercícios financeiros consecutivos, normalmente de 3 a 5 períodos, quando há disponibilidade de informações. Isso permite verificar a presença de regularidade na situação apurada, autorizando, caso afirmativo, a projeção do resultado para um momento futuro.
O estudo da eficiência da gestão dos sócios, da mesma forma, é realizado com base no desempenho econômico-financeiro da empresa analisada. A apuração de uma baixa lucratividade, por exemplo, num ramo de atividade gozando de razoável normalidade – verificada pelo desempenho da concorrência - denota ineficiência gerencial. Por outro lado, uma elevada lucratividade da empresa de segmento econômico em situação desfavorável - como a Construção Civil em certos períodos recentes da realidade econômica - sugere versatilidade e criatividade dos administradores, revelando-se capazes de reverter um quadro conjuntural adverso.
Na análise de Balanço Patrimonial, as contas que compõem cada grupo deverão ser interpretadas e classificadas de acordo com os conceitos e critérios estabelecidos.
O ATIVO CIRCULANTE compreende as disponibilidades, os direitos de crédito sobre clientes, os estoques e outros valores, desde que realizáveis no exercício subsequente ao encerramento do balanço - até 360 dias. As principais contas que integram este grupo serão assim analisadas e classificadas:

a)      Caixa: numerário à disposição da empresa.

b)      Bancos: depósitos à vista, de livre movimentação.

c)      Duplicatas a receber: créditos a receber de clientes no exercício seguinte – até 360 dias. Cabe observar o seguinte:as duplicatas descontadas representam responsabilidade da empresa. O valor correspondente, portanto, deve ser transportado para o “Passivo Circulante”.

d)   Notas e faturas a receber: créditos a receber de clientes, oriundos, principalmente, de empreitadas ou serviços prestados.


e)  Estoques: mercadorias/produtos acabados, produtos em elaboração, matérias primas, almoxarifado ou materiais diversos.

 f)    Adiantamentos a fornecedores: adiantamentos efetuados para compra de mercadorias ou matérias primas. Os adiantamentos para aquisição de bens irão integrar o Imobilizado e serão classificados no “Ativo Permanente”.

g)    Títulos e valores mobiliários: letras de câmbio, BBC, certificados de depósitos bancários, letras imobiliárias, etc., resgatáveis no prazo de 360 dias. Considerar o valor líquido, isto é, após a provisão de ajuste, quando existente.

h)  Títulos a receber, Contas Correntes e Devedores Diversos: créditos de diversas naturezas. Sempre que os valores representarem parcelas ponderáveis do Patrimônio da empresa, proceder aos devidos ajustes, quando necessários, com base nos dados complementares fornecidos.

i)   Créditos com Acionistas/Cotistas/Diretores: classificar em “Deduções do Ativo”.

j)   Despesas do Exercício seguinte: quando se tratar de prêmio de seguros, juros e impostos antecipados, variação cambial, e outras despesas antecipadas, classificar em “Deduções do Ativo”; quando se tratar de juros a vencer, transportar para o Passivo, classificando em "Custos de Exercícios Futuros".


k)   Imóveis: quando se tratar de imóveis prontos para venda, classificar no “Ativo Circulante”; quando se tratar de imóveis em construção, terrenos e outras edificações cuja comercialização esteja prevista para após 360 dias, classificar no "Realizável a Longo Prazo"; quando se tratar de imóveis concluídos ou em construção, não destinados à comercialização, classificar no “Ativo Permanente”.

l)  Provisão para Devedores Duvidosos: previsão de perdas com créditos a receber, calculada à base de 3% dos valores correspondentes e deduzida na apuração do “Ativo Circulante”. No caso de inexistência ou de insuficiência, fazer o devido ajuste, que será compensado em “Deduções do ativo”. O REALIZÁVEL A LONGO PRAZO compreende os bens e direitos realizáveis após o término do exercício seguinte – acima de 360 dias. As principais contas que integram este grupo serão assim analisadas e classificadas:


m)  Suprimentos a controladas/Coligadas: Créditos a receber de empresas do mesmo grupo, decorrentes de transações eventuais. Quando a situação da firma devedora for deficitária, transferir o respectivo valor para “Deduções do Ativo”. 


n)    Depósitos Compulsórios e Cauções: resgatáveis após o prazo de 360 dias.
O ATIVO PERMANENTE compreende os investimentos (participações em outras firmas e bens não destinados às suas atividades), o Imobilizado (bens destinados às suas atividades) e o Diferido (custos ou despesas pré-operacionais). As principais contas que integram este grupo serão assim analisadas e classificadas:

a) Imóveis: terrenos, edifícios e benfeitorias, de uso próprio. Quando a empresa integrar o capital mediante a incorporação de imóveis superavaliados, transferir para “Deduções do Ativo” o valor excedente, tomando-se por base os preços correntes na região.

b)  Máquinas e Equipamentos.

c)   Móveis e utensílios.

d)   Veículos de Uso.

e)   Imóveis não operacionais.

f)    Incentivos Fiscais e Investimentos: aplicações financeiras de caráter permanente ou de demorada realização.

g)  Despesas Pré-operacionais: despesas com a organização da empresa, gastos com pesquisas e projetos e outros inerentes, que serão apropriáveis em exercícios futuros, no prazo máximo de 10 anos. O valor lançado não poderá exceder a 20% de capital realizado + reservas de capital; caso haja excesso, classificá-lo em “Deduções do Ativo”.

h)   Benfeitorias em Imóveis de Terceiros: considerar até 20% do capital realizado + reservas de capital. O excedente será transferido para “Deduções do Ativo”.

i)  Marcas e Patentes: considerar até 10% do capital realizado + reservas de capital. O excedente será transferido para “Deduções do Ativo”.

j)  Depreciações: conta dedutiva na apuração do “Ativo Permanente”, relativa ao valor dos desgastes físicos verificados nas imobilizações técnicas. Em princípio, a depreciação será calculada à base de 10% ao ano. Os bens de menor vida útil serão depreciados em percentuais superiores ao mencionado. Cabe observar o seguinte: nos casos de inexistência ou insuficiência (observando-se que o valor lançado na Demonstração dos Resultados pode ter sido deduzido diretamente das contas do “Imobilizado”) fazer o devido ajuste, que será compensado em "Deduções do Ativo"; nos casos em que o valor depreciado for superior ao percentual que seria aplicado no exercício, considerar o fundo calculado pela empresa, já que deverá tratar-se de saldo acumulado; a Amortização e a Exaustão serão agrupadas às depreciações.
 O PASSIVO CIRCULANTE compreende todas as obrigações ou dívidas da empresa com vencimento para o exercício seguinte – até 360 dias. São as seguintes as principais contas:


a)   Fornecedores.


b)   Empréstimos Bancários.


c)   Financiamentos Bancários.


d)   Duplicatas Descontadas.

e)   Impostos e Encargos Sociais.

f)     Provisão para Imposto de Renda.
 O EXIGÍVEL A LONGO PRAZO compreende todas as obrigações ou dívidas da empresa com prazo de vencimento superior a 360 dias. São as seguintes as principais contas:

a)  Financiamentos Bancários: se houver parcelas vencíveis no exercício seguinte (até 360 dias), transferir o respectivo valor para o “Passivo Circulante”.

b) Suprimentos de Controladora/Coligadas.

RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS: compreende as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos ou despesas a elas correspondentes. O saldo poderá ser positivo ou negativo. Integram este grupo as seguintes contas:


a)  Receitas de Exercícios Futuros


b)  Despesas de Exercícios Futuros



O PATRIMÔNIO LÍQUIDO representa os recursos próprios investidos no negócio. As principais contas que integram este grupo serão analisadas e classificadas:


a)  Capital Realizado: capital registrado menos o capital a integralizar, se houver.

b)  Reserva Legal: tem por finalidade assegurar a integridade do capital social e não deverá exceder a 20% deste.


c)  Lucros acumulados:os lucros capitalizados ou reinvestidos nos negócios das sociedades e os obtidos por firmas individuais serão classificadas no “Patrimônio Líquido”;os lucros já distribuídos aos cotistas e diretores, ou sobre os quais se apure destinação, serão classificados no “Passivo Circulante”;


d)  Prejuízos Acumulados: serão lançados como parcela dedutiva na apuração do "Patrimônio Líquido".


e) Reservas de Capital: englobam a correção monetária do capital realizado, o ágio na colocação de ações, vendas de partes beneficiárias e bônus de subscrição, doações e subvenções para investimentos.


f)  Reservas de Reavaliação de Bens: contrapartida de aumento de valor dos bens do Ativo próprio ou de controladas e coligadas, em virtude de novas avaliações baseadas em laudo aprovado por Assembléia Geral.


g) Reservas de Lucros: lucros retidos mediante a constituição de reservas estatutárias, reservas para contingências, reserva para plano de investimento e reservas de lucros a realizar.

h)  Ações em Tesouraria: ações da empresa, adquiridas por ela mesma. Será lançada como parcela dedutiva na apuração do "Patrimônio Líquido".

i)  Deduções do Ativo: conta dedutiva na apuração do “Patrimônio Líquido”, pois representa a soma daqueles valores excluídos do ATIVO da empresa.

A situação de PASSIVO A DESCOBERTO configura-se quando o valor do Capital Realizado, mais Reservas, for inferior ao valor das verbas subtrativas (Prejuízos, Ações em Tesouraria e Deduções do Ativo).

Relativamente à DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS DO EXERCÍCIO, as receitas e despesas incorridas no exercício e os diversos estágios do resultado serão assim discriminados:

a) Vendas de Produtos/Mercadoriasos valores referentes a vendas canceladas, mercadorias devolvidas e descontos concedidos serão deduzidos na apuração desta conta; as deduções referentes ao Imposto Faturado serão, para efeito de análise, juntadas ao “Custo dos Produtos/Mercadorias Vendidas”;quando o demonstrativo analisado não apresentar esta parcela (registrando apenas o lucro bruto), lançar o valor contido na relação de vendas do exercício fornecida pela empresa.


b)  Serviços Prestados: quando o demonstrativo analisado não apresentar esta parcela (registrando apenas o lucro bruto), lançar o valor contido na relação de serviços prestados, fornecida pela empresa – se houver.


c)   Receita Operacional Bruta: ( a + b ).


d) Custo dos Produtos/Mercadorias Vendidas: quando o demonstrativo analisado não apresentar esta parcela (registrando apenas o lucro bruto), o custo será igual a diferença apurada entre o valor contido na relação de venda do exercício e o respectivo lucro bruto 


e)  Custo dos Serviços Prestados: quando o demonstrativo analisado não apresentar esta parcela (registrando apenas o lucro bruto), o custo será a diferença apurada entre o valor contido na relação de serviços prestados no exercício e o respectivo lucro bruto (b – f).

f)      Lucro Operacional Bruto: (c – d – e), quando o resultado for positivo.

g)    Prejuízo Operacional Bruto: ( c – d – e ), quando o resultado for negativo.

h)      Despesas com Vendas: publicidades, comissões sobre vendas, transportes e viagens, fretes e carretos e outros gastos similares.

i)        Despesas Administrativas: salários ou ordenados, férias, contribuições previdenciárias, honorários ou pró-labore, assistência social, bolsas de estudo.

j)        Despesas Tributárias: impostos, taxas e tributos.

k)      Despesas Financeiras: juros e comissões bancárias, juros diversos, correção monetária e variações cambiais sobre financiamentos. Será lançado o montante das despesas financeiras menos as receitas financeiras.

l)        Despesas Gerais: energia, aluguéis, materiais de limpeza e de expediente, despesas telefônicas, legais e jurídicas, manutenção de veículos, donativos e brindes.

m)    Depreciação: considerar o valor contabilizado pela empresa, incluindo a exaustão e a amortização.

n)      Provisão para Devedores Duvidosos: considerar o valor provisionado pela empresa, diminuída da respectiva reversão, quando houver.

o)      Lucro Operacional Líquido: (f – h – i – j – k – l – m – n), quando o resultado for positivo.

p)      Prejuízo Operacional Líquido: (f – h – i – j – k – l – m – n), quando o resultado for negativo, ou (- g – h – i – j – k – l – m – n).

q)      Receitas não Operacionais: lucros obtidos na venda de bens do “Ativo Permanente” e outras receitas não relacionadas com as atividades da empresa.

r)       Despesas não Operacionais: prejuízos na venda de bens do “Ativo Permanente”, e outras despesas classificadas pela empresa como não operacionais.

s)       Lucro Líquido antes do Imposto de Renda: (o + q – r + s – t) ou (- p + q - r + s – t), quando o resultado for positivo.

t)        Prejuízo do Exercício: (o + q – r + s – t) ou (- p + q – r + s – t), quando o resultado for negativo.

u)      Provisão para Imposto de Renda: considerar o valor provisionado pela empresa.

v)      Lucro Líquido do Exercício: (u – x), caso o demonstrativo indique a distribuição do lucro líquido, registrar as respectivas verbas (Reservas de Lucro, Dividendos, Gratificações, etc.).

Uma vez concluído o trabalho de interpretação e classificação das contas que compõem o Balanço Patrimonial e a Demonstração dos Resultados do Exercício, deverão ser apurados os indicadores econômico-financeiros, que serão analisados de forma horizontal e vertical. Consistindo o primeiro na comparação entre dois ou três balanços, estabelecendo as variações havidas nos principais dados, ano a ano. O segundo consiste no relacionamento das contas com seus respectivos grupos e com o total do Ativo ou Passivo, dentro do mesmo balanço.
Para se chegar a uma conclusão sobre a situação econômico-financeira da empresa será levada em consideração toda a sua conjuntura patrimonial, inclusive ramo de negócio explorado. Nenhum dos indicadores econômico-financeiros será analisado isoladamente, mas sempre em relação aos demais.
As VARIAÇÕES PATRIMONIAIS objetivam mostrar o porte e o desempenho da empresa, evidenciando a origem e a aplicação dos recursos. Merecem especial atenção os seguintes elementos:


a)  Patrimônio Líquido: verificar se tem havido evolução real (superior à taxa da Poupança), estagnação ou mesmo redução e as respectivas causas.

b)  Passivo a Descoberto: caracteriza a perda dos capitais próprios investidos no negócio, evidenciando assim uma situação de total insolvência.

c)   Lucro Operacional Liquido: verificar se tem havido evolução real, estagnação ou mesmo redução e as respectivas causas, observando-se ainda, as taxas de lucratividade.

d)  Prejuízo Operacional Líquido: cabe verificar as causas de tal situação, se em decorrência de redução nas receitas ou de altos custos operacionais.

e) Lucro Líquido do Exercício: verificar se tem havido evolução real, estagnação ou mesmo redução e as respectivas causas, observando-se, ainda, as taxas de rentabilidade.

f)  Prejuízo do Exercício: caracteriza perda de capitais próprios. Cabe observar as causas desse resultado.

g)  Receita Operacional Bruta: verificar se tem havido evolução real, estagnação ou redução.





CÁLCULO DE QUOCIENTES



Os ÍNDICES apurados representam parcela significativa do trabalho de análise, pois além de mostrar relações importantes entre os vários grupamentos de valores patrimoniais e dos componentes do resultado econômico dentro de um exercício financeiro, possibilita também o exame das oscilações desses índices ano a ano. Serão apurados e analisados os seguintes índices:
ÍNDICES DE LIQUIDEZ:
a) Liquides Imediata: Disponibilidades 
                                       Passivo Circulante
Disponibilidades = Caixa + Bancos + Aplicações de Liquidez Imediata
Este índice representa a relação de quanto dispomos imediatamente com as nossas dívidas de curto prazo. É preciso considerar que a composição etária do numerador e denominador é completamente distinta.
b) Liquidez Corrente : Ativo Circulante
                                       Passivo Circulante
Relaciona quanto dispomos e poderemos dispor a curto prazo em dinheiro, com as dívidas a curto prazo. É preciso observar que no numerador estão incluídos itens diversos, que possuem prazos de conversibilidade também diversos. No denominador estão incluídas as dívidas e obrigações de curto prazo que, por sua vez, também possuem prazos de vencimento diversos. Portanto, a relação dos prazos de recebimento e de pagamento deverá ser considerada na análise deste índice.
Prazo Médio de Recebimento = 360 X Clientes
                                                   Receita Operacional Bruta
Prazo Médio de Pagamento = 360 X Fornecedores
                                                          Total das compras
Compras = CMV + EF – EI portanto, CMV = EI + COMPRAS – EF
A influência deste quociente é muito grande sobre a posição presente e futura de liquidez (a curto e longo prazos). À medida que diminuirmos o PMR em relação ao PMP, estaremos propiciando condições mais tranqüilas para obter posicionamentos estáticos de liquidez mais adequados. Como o excesso de recebíveis diminui o “giro do ativo”, é preciso aumentar a margem de lucro sobre as vendas para compensar o efeito negativo do giro baixo. Isto nem sempre é possível. Como dificilmente podemos modificar sensivelmente o PMP, resta agirmos sobre o PMR e sobre a Margem de Lucro. A empresa deve fazer o possível para tornar esse quociente inferior a 1 (um) ou, pelo menos, ao redor de 1 (um), a fim de garantir uma posição neutra.
c) Liquidez Seca: Ativo Circulante – Estoques
                                         Passivo Circulante
Trata-se de uma análise conservadora da situação de liquidez da empresa. A eliminação dos estoques do numerador retira uma fonte de incerteza. Além disso, estamos eliminando as influências e distorções que a adoção deste ou daquele critério de avaliação de estoques poderia acarretar.
d)Liquidez Geral: Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
                                 Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
Serve para detectar a saúde financeira, no que se refere à liquidez de longo prazo. Mais uma vez o problema dos prazos deve ser devidamente considerado. Às vezes acontece que os índices de liquidez corrente e seco se apresentam razoáveis em decorrência de vultosos empréstimos a longo prazo.
ÍNDICES DE SEGURANÇA / ESTRUTURA.
a) Grau de endividamento = Exigível Total 
                                                Patrimônio Líquido


Exigível Total = PC + ELP
É uma outra forma de encarar a dependência de recursos de terceiros. Se o quociente, durante vários anos, for consistente e acentuadamente maior que um, denotaria uma dependência exagerada de recursos de terceiros.
b) Participação de Capitais de Terceiros = Exigível Total
sobre os Recursos Totais                           Exigível Total + PL

Expressa a porcentagem que o endividamento representa sobre os fundos totais. Também significa qual a porcentagem do Ativo Total financiada com recursos de terceiros. No longo prazo, a porcentagem de capitais de terceiros sobre os fundos totais não poderia ser muito grande, pois isto iria progressivamente aumentando as despesas financeiras, deteriorando a posição de rentabilidade da empresa. Entretanto, muito irá depender da taxa de retorno ganha pelo giro no ativo dos recursos tomados por empréstimo, quando comparada com a taxa de despesas financeiras sobre o endividamento.
c) Imobilização de Recursos permanentes = Ativo Permanente
                                                                                          PL + ELP
Representa a parcela dos fundos a longo prazo que está financiando o Ativo Permanente. Se o índice for maior que 1 (um) significa que o Patrimônio Líquido e o Exigível a Longo Prazo não são suficientes para cobrir o Ativo Permanente, concluindo-se que a empresa está utilizando recursos de curto prazo (Passivo Circulante) para financiar seus investimentos permanentes.
d) Grau de Imobilização = Ativo Permanente
                                                        Ativo Total
Exprime a parcela dos recursos totais que se encontra aplicada no Ativo Permanente, consequentemente, em valores circulantes. Tal índice nunca será superior à unidade e sofrerá diretamente as influências do ramo de atividade explorado pela empresa, variando de acordo com suas necessidades de investimentos fixos e circulantes.
ÍNDICES DE RENTABILIDADE
a) Poder de Ganho da empresa = Lucro Operacional Líquido x 100 , onde:
                                                                              Ativo Operacional
Ativo Operacional = Ativo Total – (Imóveis não Operacionais + Suprimentos a Controladas/Coligadas)
Serve para medir a capacidade da empresa em gerar lucros. O quociente apurado será o retorno anual do investimento. Do PGE podemos extrair o Prazo de Retorno do Investimento, conforme abaixo:
Prazo de retorno do investimento : 100% / PGE% = x anos
b)Rentabilidade do Capital Próprio = Lucro Antes do Imposto de Renda x 100 Patrimônio Líquido onde:
Determina a remuneração dos capitais próprios investidos no negócio. Deve, em princípio, ser superior à taxa de juros do mercado, de modo a remunerar o risco do investimento.
c) Lucratividade sobre Vendas/Serviços = Lucro Operacional Líquido x 100
Receita Operacional Bruta
Apura a margem de lucros obtida nas operações da empresa. Para sua melhor avaliação, deve-se levar em conta o ramo de negócios explorado e a conjuntura econômica regional.
d) Rotação do Ativo Operacional = Receita Operacional Bruta
Ativo Operacional
Este índice mede a produtividade total dos investimentos aplicados nas atividades principais e acessórias da empresa, isto é, determina o número de vezes que o Ativo Operacional gira durante um exercício.
SITUAÇÃO FINANCEIRA
Uma empresa pode apresentar uma excelente situação econômica com elevada participação de capitais próprios e, no entanto, em determinado momento, não ter em mãos recursos numerários suficientes para a liquidação de seus compromissos.
Esse último aspecto - suficiência ou não de recursos para o pagamento das obrigações - é o que caracteriza a situação financeira da empresa, ou a sua capacidade de pagamento.
No estudo da capacidade de pagamento a curto prazo, preocupamo-nos com as dívidas vencíveis no exercício seguinte ao Balanço, procurando verificar se a empresa contará no mesmo período com valores disponíveis e rentáveis em montante suficiente para o resgate das mesmas.
No caso da liquidez corrente, índices inferiores à unidade revelam, em princípio, situação financeira deficitária. Dessa forma, podemos enquadrar os resultados obtidos nas seguintes situações: ruim = menor que 0,5; apertada = de 0,5 a 0,7; satisfatória = de 0,8 a 1,0; boa = maior que 1,0.
Para a liquidez seca os resultados abaixo da unidade devem ser vistos com mais cuidado, antes de se tirar conclusões precipitadas. A natureza dos estoques e sua facilidade de comercialização devem ser analisadas.
Portanto, considerando que, dificilmente, pelo menos parte dos estoques deixará de ser vendida, podemos considerar com “normal” índices até ligeiramente inferiores à unidade.
A capacidade de pagamento geral é definida pelo índice de liquidez geral, que compara todas as dívidas com todos os valores disponíveis e realizáveis, sem preocupação de limitação do prazo.
Podemos considerar normal que os quocientes de Liquidez Geral sejam inferiores aos de liquidez corrente, pelos seguintes motivos:
-         quase toda empresa necessita recorrer a capitais de terceiros a longo prazo;
-         o “realizável a longo prazo” é, geralmente, menor que o “exigível a longo prazo”;
-         os financiamentos a longo prazo geralmente não “apertam” tanto a empresa, pois os prazos de resgate são de uma forma dilatados e bem equacionados.
ESTRUTURA
Cada empreendimento possui uma estrutura otimizante de composição de recursos e não existem regras fixas. A natureza do endividamento, as taxas de juros e os riscos, quando comparados com o retorno que tais recursos propiciam uma vez investidos, devem ser, por sua vez, comparados com os custos alternativos da captação de capital de risco.
Mais importante do que uma posição estática de tais quocientes é sua evolução no tempo e seus efeitos sobre a rentabilidade da empresa. Mesmo que durante certo tempo a empresa se tenha beneficiado de uma taxa de endividamento, surgirá o momento a partir do qual, pela grandeza dos custos financeiros, o endividamento adicional não será mais desejável, mesmo porque os emprestadores de dinheiro, a partir de certo grau de endividamento da empresa, vêem aumentar seus riscos de aplicação de capital, aumentando portanto a taxa de juros. Isto ocorre não só com empresas, mas também com indivíduos e até com nações.
RENTABILIDADE
Expressar a rentabilidade em termos absolutos tem uma utilidade informativa bastante reduzida. De maneira geral, devemos relacionar um lucro de um empreendimento com algum valor que expresse a dimensão relativa do mesmo, para analisar quão bem se saiu a empresa em determinado período.
Determinar um padrão ideal para a rentabilidade é uma tarefa difícil. Poderíamos dizer que uma boa taxa de rentabilidade seria aquela que permitisse à empresa manter e desenvolver suas atividades sem ter que procurar outros capitais (próprios ou de terceiros). É lógico que tudo depende da natureza do produto, das condições que a empresa tenha para se desenvolver e da conjuntura econômica. Através dessa análise podemos perceber, também, a importância de dois fatores:
a)      custo operacional – influindo diretamente na margem de lucro;
b)      movimento de vendas – influindo diretamente na rotatividade e, indiretamente, na margem de lucro (através da variação do custo operacional).
ROTATIVIDADE
Estes quocientes, importantíssimos, representam a velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado período de tempo. Por sua natureza têm seus resultados normalmente apresentados em dias, meses ou períodos maiores, fracionários de um ano. A importância de tais quocientes consiste em expressar relacionamentos dinâmicos que acabam, direta ou indiretamente, influindo bastante na posição de liquidez e rentabilidade.
A interpretação destes quocientes deverá ser realizada em conjunto com a Margem de Ganho, a fim de verificar se esta compensa a velocidade ou vice versa.



BIBLIOGRAFIA
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-         MARTINS, Eliseu e ASSAF NETO, Alexandre. Administração Financeira – As Finanças das Empresas sob Condições Inflacionárias. São Paulo. Ed. Atlas, 1996. 568 pág.
-         SANVICENTE, Antônio Zoratto. Administração Financeira. 3a. Ed. São Paulo. Ed. Atlas, 1995. 568 pág.
-         NAKAGAWA, M. Introdução à Controladoria: conceitos, sistemas, implementação. São Paulo. Ed. Atlas, 1998.
-         SCHRICKEL, W. K. Demonstrações Financeiras: abrindo a caixa preta – como interpretar balanços para a concessão de empréstimos. São Paulo. Ed. Atlas, 1998.
-         SECURATO, José Roberto. Decisões Financeiras em Condições de Risco. São Paulo. Ed. Atlas, 1996. 248 pág.
-         SILVA, J. P. da. Análise Financeira das Empresas. São Paulo. Ed. Atlas, 1998.
-         ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de Balanços: um enfoque econômico-financeiro. 5a. Ed. São Paulo. Ed. Atlas, 2000.
-         USP, Equipe de Professores da. Contabilidade Introdutória. 7a. Ed. São Paulo. Ed. Atlas, 1985.
-         MARION, José Carlos e IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade Comercial. São Paulo. Ed. Atlas.
-         IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços. São Paulo. Ed. Atlas.

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